Rudolt Steiner (filósofo e educador húngaro/austríaco 1861-1825) foi o desenvolvedor da antroposofia, que nada mais é do que uma linha de pensamento que estabelece uma “pedagogia do viver”. Esta ciência parte do princípio de que o ser humano tem que conhecer a si para poder assim conhecer o universo, pois todos fazem parte integrante de um sistema.
Neste estudo encontra-se uma forma cíclica de entender a vida chamada “Teoria do Setênios”, que foi elaborada a partir da observação dos ritmos da natureza aliados ao sentidos da vida. Tal teoria divide a vida em fases de sete anos. Por isso o nome “Setênios”.
A teoria dos setênios nos ajuda a compreender a condição cíclica da vida, em que a cada ciclo soma-se os conhecimentos adquiridos no anterior e busca-se um novo desafio. Claro que esta teoria pode também ser entendida como uma metáfora sistêmica, sabemos que as pessoas mudaram de um século para o outro, nosso desenvolvimento está mais acelerado, nosso organismo mais adaptado, talvez nem todas as descrições dos setênios façam tanto sentido hoje, mas ela continua atual em sua percepção do ser humano e suas fases. Assim, os setênios, em percepção que concordo, não são exatamente sete anos no tempo cronológico, mas a cada ciclo de X anos, de tempos em tempos.
Primeiro Setênio – 0 a 7 anos
Nesta fase, todo seu aprendizado em relação ao mundo, deve oportunizar o movimento livre, a corrida, as brincadeiras, deve permitir que a criança teste e conheça seu corpo, seus limites e suas percepções de mundo. Por isso o espaço físico é muito importante, bem como o espaço do pensar e o do viver espiritual.
Segundo Setênio – 7 a 14 anos
O segundo setênio marca a passagem de criança, do mundo estritamente familiar, para o mundo social.
É nesta fase que a autoridade dos pais e também dos mestres ganha um papel de importância, pois serão eles os mediadores do mundo no qual a criança será inserida. É importante verificar no entanto que a autoridade excessiva fará a criança ter uma visão cruel e pesada do mundo.
Contudo, se a autoridade e a cobrança dos país e professores é mais fluída e sem ressonância, a criança achará que o mundo é libertário, e isso fará com que ela tenha comportamentos. É, portanto, o papel dos adultos determinar a imagem de mundo que a criança terá.
Terceiro Setênio – 14 a 21 anos
Essa é a fase em que a identidade começa a ser formada. É a fase em que não se quer pais, professores e outros adultos pegando no seu pé. Aqui o corpo já está formado e é quando acontecem as primeiras trocas com a sociedade.
Quando se chega neste setênio, o corpo já não necessita mais de tanto espaço para a locomoção e o ‘espaço’ agora tem outro sentido, o da possibilidade de ‘ser’. É aqui a fase em que se precisa se auto reconhecer e ser reconhecido. É o momento em que se questiona a tudo e a todos.
Mas é aqui também a fase do discernimento. É quando as escolhas de carreira e profissão são feitas. É a época do vestibular, do primeiro emprego e do início da liberdade de vida econômica.
Quarto Setênio – 21 a 28 anos
Neste período é comum as pessoas “ganharem o mundo”, ou seja, viverem novas experiências, conhecerem gente e lugares diferentes da família, da escola e da turma.
Este é um ciclo de emancipação em todos os níveis. Ainda assim, é uma fase em que os outros influenciam muito na tomada de decisões, pois a sociedade dirá o ritmo da vida de cada pessoa.
Neste setênio os valores, lições de vida e aprendizados começam a ter mais sentido. Nossas energias já estão mais pacificadas e ter nosso lugar no mundo passa a ser o objetivo principal. Quando não se atinge os objetivos, muita ansiedade e frustração são geradas.
Quinto Setênio – 28 a 35 anos
É nesta fase que a maioria das pessoas, depois de ter experimentado um pouco do que o mundo oferece começa a pensar em se estabelecer na vida. É também quando há um abalo de identidade, a cobrança pelo sucesso ainda não atingido, e o início das frustrações e da tristeza por se ter a certeza de não se poder tudo.
Existe muita sensação de angústia e de vazio entre aqueles que estão nesta fase. Os gostos mudam e as pessoas têm a sensação de não se conhecerem. Sentem-se impotentes durante esta passagem da juventude para a maturidade, quando têm de deixar de lado a impulsividade para passar a encarar a vida com mais responsabilidade.
Sexto Setênio – 35 a 42 anos
Geralmente é neste setênio que surge a necessidade de encontrar um propósito maior para a existência. Apesar das conquistas profissionais, financeiras e familiares, e mesmo estando aparentemente bem, as pessoas podem se sentir vazias e angustiadas. Muitas duvidam da própria capacidade de manterem o que foi conquistado. É o momento de rever a história da vida, fazer um balanço. muitos mudam de profissão ou iniciam uma segunda carreira neste período.
Sétimo Setênio – 42 a 49 anos
Ao chegar a este ponto da estrada e olhar para trás, é comum as pessoas sentirem necessidade de encontrar resposta sobre o sentido da vida. O desejo de ter uma missão se torna muito forte. A sensação de ter perdido tempo ou ter se desviado do caminho pode aparecer. Mas, em vez de se levar a conclusões negativas, é hora de abraçar uma chance de retornar a missão e os talentos que ficam perdidos pelo caminho.
Oitavo Setênio – 49 a 56 anos
O declínio da vitalidade física não precisa nem deve representar um declínio de todas as esferas da vida.
Aqui há o desenvolvimento do espírito. Este é um setênio positivo e tranquilo. É quando você percebe que as forças energéticas voltam a ficar centradas na região central do corpo. O sentimento da ética, do bem-estar, da moral, e das questões universais e humanísticas também se mostram em maior evidência.
Nono Setênio – 56 a 63 anos
Quem fez o que tinha que ser feito, tende a chegar a essa etapa com o coração cheio de gratidão pelas conquistas e pela colheita recebida ao longo da vida. Já aquelas que ficaram perdido pelo caminho podem ser tomados por intensa sensação de amargura.
Neste setênio é importante estimular a memória e a mudança de hábitos. Isso porque o período da aposentadoria pode se mostrar como algo limitador, principalmente para quem sempre focou a vida no status profissionais e que agora acredita que não terá outra forma de se autorealizar.
Artigo inspirado da Apostila de Professional & Selt Coaching do IBC – Instituto Brasileiro de Coaching